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Prêmio

Instrumento de iniciação científica que avalia emoções de pessoas com deficiência visual recebe premiação

Publicado: Sexta, 01 de Agosto de 2025, 08h45

 O trabalho de iniciação científica da UFTM "Emotátil: Tateando as Emoções", que envolve a construção de um instrumento com o objetivo de auxiliar na identificação das emoções e funciona como mediador para o diálogo sobre essa temática, recebeu o I Prêmio de Inovação de Pesquisa em Avaliação Psicológica - IBAPesquisa no XII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica realizado em Belo Horizonte em julho.

Premiação do Emotatil no Congresso Brasileiro de Psicologia
Premiação do Emotátil no XII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica

 

A pesquisa sobre o Emotátil, das autoras Luísa Homsi Jorge Ferreira (aluna), Elisa Gotardelo (aluna egressa) e professora Carolina Rosa Campos, do curso de Psicologia da UFTM, foi desenvolvida no Laboratório de Avaliação Psicológica (LAP), a partir da perspectiva de pessoas com deficiência visual e busca preencher uma lacuna importante ao oferecer uma abordagem qualitativa, acessível e sensível às necessidades dessa população, além do que o instrumento pode ser utilizado como uma fonte complementar nos processos de avaliação psicológica e de psicoterapia.

O Congresso e o Prêmio

Os objetivos do Prêmio são incentivar o desenvolvimento de pesquisas que abordem desafios e soluções na avaliação psicológica, bem como promover debates sobre como a avaliação psicológica pode contribuir para a garantia de direitos sociais e atender populações minorizadas ou em situação de vulnerabilidade. O Congresso ocorre a cada dois anos e em 2025 foi a primeira edição do Prêmio. Participaram professores, alunos de iniciação científica, de mestrado e de doutorado com pesquisas relacionadas à justiça social e direitos humanos.

Os trabalhos apresentaram pesquisas com dados empíricos, obrigatoriamente. Dos trabalhos submetidos, dez foram pré-selecionados e tiveram a oportunidade de apresentar suas pesquisas durante o evento. Dentre eles estavam pesquisas de mestrado, de doutorado e de pós-doutorado, sendo que a única pesquisa de iniciação científica foi a da UFTM. Os critérios de avaliação foram relevância e originalidade do tema, metodologia, adesão às perguntas norteadoras, seleção, diversidade e robustez da amostra utilizada e potencial de contribuição para o avanço da avaliação psicológica. 

Os seis melhores trabalhos foram premiados e receberam certificado de premiação, divulgação do trabalho nas redes sociais e site do IBAP, fast track para tramitação do artigo Revista Avaliação Psicológica, entre outras gratificações.

Professora Carolina e a discente Luisa na premiação mostram o Emotátil
Professora Carolina (à esq.) e a discente Luisa mostram o Emotátil

 

A pesquisa de iniciação científica

A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Laboratório de Avaliação Psicológica (LAP) do Departamento de Psicologia da UFTM em parceria com instituições de atendimento a pessoas cegas de Minas Gerais. Para identificar a viabilidade da aplicação do Emotátil, assim como identificar as características da aplicabilidade por faixa etária e por tipo e grau de deficiência, realizou-se uma pesquisa qualitativa exploratória, na qual foi feita a aplicação do instrumento com sete crianças, seis adultos e quatro idosos com deficiência visual, além de uma aplicação em grupo com 14 adultos e idosos com deficiência visual.

O Emotátil é composto por 24 cartas em alto relevo, autocontraste e braille, contendo seis emoções básicas (alegria, medo, etc.) e 18 emoções complexas (desamparo, felicidade, entre outras). A parte da frente das cartas é em alto relevo, contendo um desenho no estilo emoticon e o nome da emoção escrita em português e em braille. A parte de trás das cartas contém as instruções para o uso. O instrumento já foi aplicado no público-alvo e foi possível perceber que ele proporcionou um engajamento relevante dos participantes, que deram retornos positivos acerca do material.

As aplicações com as crianças foram feitas pela Elisa e as com adultos e idosos pela Luísa. Os estudos indicaram que o Emotátil pode ser um importante mediador para o diálogo sobre emoções, podendo ser utilizado como fonte complementar de informação para avaliação e para intervenção psicoterapêutica com pessoas com deficiência visual. Os resultados da pesquisa revelaram que o instrumento mostrou-se potente para auxiliar no vínculo, nas reflexões profundas e no compartilhamento de emoções relacionadas a experiências de vida como luto, perda da visão, solidão, questões de saúde e relacionamentos. Todas as aplicações foram feitas em uma sala arejada e bem iluminada. O Emotátil pode ser utilizado por psicólogos e por outros profissionais da saúde, como terapeutas ocupacionais, enfermeiros, etc. “O desenvolvimento do Emotátil representa um avanço importante no enfrentamento das limitações tradicionais da avaliação psicológica. Ao considerar desde sua concepção as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência visual, o instrumento contribui para a construção de uma psicologia mais inclusiva, ética e alinhada aos direitos humanos”, afirmou Elisa. 

A pesquisa está registrada como IC na UFTM no Edital 01/2024 - Iniciação Científica sem Bolsa em Fluxo Contínuo. O Emotátil e suas devidas pesquisas vêm sendo desenvolvidas desde 2022 pela aluna egressa da UFTM Elisa Gotardelo, cuja iniciação científica recebeu apoio da FAPEMIG e cujo trabalho foi premiado em 2023. 

“Foi uma grande honra receber o prêmio e ter tido a oportunidade de apresentar o nosso trabalho para pesquisadores que são referências na área de avaliação psicológica. Ressalto a importância da busca por uma psicologia mais inclusiva, que lute contra opressões e discriminações e promova equidade e qualidade de vida”, disse Luisa. “Por fim, destaco a importância do investimento em pesquisas e da universidade pública que promove grandes contribuições para a ciência e para sociedade como um todo”, concluiu.

Para a professora Carolina, “foi uma enorme alegria acompanhar a trajetória do EmoTátil, desde a ideia inicial até sua aplicação junto às pessoas com deficiência visual. As pesquisas de iniciação científica representam o potencial transformador da universidade pública e da ciência comprometida com a inclusão e os direitos humanos. Sou muito grata à dedicação e sensibilidade da Elisa Gotardelo e da Luísa Homsi Jorge Ferreira, que, com ética, criatividade e empenho, foram fundamentais para que o Emotátil se tornasse realidade e alcançasse tantas pessoas. Essa conquista reafirma a importância de investir em pesquisas que aproximem a psicologia das necessidades reais da sociedade e promovam uma prática mais justa e acessível”.

 

Imagens: Arquivo pessoal – Carolina Rosa Campos/UFTM

 

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