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ICENE

Os gigantes se levantam: um modelo biomecânico digital para posturas bípedes em dinossauros saurópodes

Publicado: Sexta, 01 de Agosto de 2025, 12h37

 

Este estudo investigou se dinossauros saurópodes poderiam se levantar sobre as patas traseiras, adotando posturas bípedes. Essa é uma questão antiga, relacionada a comportamentos como alimentação, defesa e acasalamento.

Para isso, os pesquisadores analisaram fêmures (ossos da coxa) de sete espécies de saurópodes, incluindo animais menores, como o Neuquensaurus, e gigantes como Dreadnoughtus e Giraffatitan. Os ossos foram escaneados em 3D, restaurados digitalmente e testados por meio de simulações biomecânicas usando uma técnica chamada Análise por Elementos Finitos (FEA).

A FEA é uma ferramenta utilizada para prever como um objeto reage a forças, como peso, pressão ou movimento. No caso deste estudo, o uso da FEA permitiu simular o estresse e a deformação nos ossos dos dinossauros quando submetidos ao peso do corpo ou à ação de seus próprios músculos. Foram modelados dois cenários: um extrínseco, com o peso do corpo aplicado nas patas traseiras, e outro intrínseco, simulando a força dos músculos usados para se levantar.

Os resultados mostram que dinossauros menores, como o Neuquensaurus (com cerca de 6 metros de comprimento), apresentaram os menores níveis de estresse nos dois cenários, indicando maior capacidade de sustentar essa postura ou maior facilidade para se levantar. Já o Dreadnoughtus, um dos maiores dinossauros conhecidos, com mais de 26 metros de comprimento, apresentou os maiores níveis de estresse, sugerindo limitações para se erguer ou manter-se em pé. A forma e a robustez do fêmur, além das áreas de inserção muscular, influenciaram fortemente esse desempenho.

Além de dinossauros estrangeiros, também foi incluído nas análises um fêmur completo de um indivíduo subadulto de Uberabatitan ribeiroi. Apesar de atingir até mais de 26m de comprimento, o fóssil utilizado nas comparações possui apenas 88cm de altura e pertencia a um indivíduo de cerca de 12m de comprimento. Os resultados indicam que em pelo menos durante uma fase da vida, Uberabatitan poderia utilizar a postura bípede.

O estudo conclui que saurópodes menores e mais robustos provavelmente eram mais aptos a se levantar sobre as patas traseiras, um comportamento que poderia facilitar, por exemplo, o alcance de alimentos em árvores mais altas, enquanto os maiores, apesar de eventualmente conseguirem, apresentavam restrições biomecânicas maiores.

Esta pesquisa foi financiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), como parte do projeto de pós-doutorado de Julian C. G. Silva Junior, egresso do curso de Ciências Biológicas da UFTM, o Prof. Thiago da Silva Marinho, também do curso de Ciências Biológicas da UFTM, Agustín Martinelli (Museo Argentino de Ciencias Naturales “Bernardino Rivadávia”), Gabriel Ferreira (Instituto Senckenberg, Tübingen, Alemanha) e o Prof. Felipe Montefeltro (UNESP) [2022/14694-3].

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